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#Memória|Michel Schettert|26 Jul 2021

1 ano se passou

1- Fiu 

1 ano se passou desde que a di-cisão da elevação espiritual do velhinho de cabeça branca aconteceu, bem diante de seus seguidores. Quanto mistério… em plena pandemia! O pianista foi inicialmente acometido pelo vírus, porém expulsou o perigo com o respirador pulsando extra no quarto em isolamento. Quase um mês nessa solidão. O santo guerreiro mostrou para quê veio.

2-Fei

Poderia ser diferente? Vamos analisar como estamos hoje... Ora, depois daquele memorável sepultamento no cemitério da Ilha do Governador, em que um arvrão dava de umbela para a onda magnífica de andorinhas, revoando sobre a cabeça dos artistas que o acompanhavam no enterro, impossível não lembrar do mundo imenso, do Vidigal. Veio do morro o gorjeio igualmente memorável entoado pelo filho músico João Gurgel. Uma voz com lastro. Parece mesmo que as sementinhas germinaram: o filho caçula e a irmã cantora designer Marina Lutfi, junto com a primogênita Adriana Lutfi, ficaram incumbidos de levar adiante a obra do pai.

3-Fai

Que levem portanto seu cinema, suas trilhas, suas pinturas e poesias para esta rede maravilhosa e transbordante, a qual alimenta hoje os alertas para essa tal experiência curiosa que estamos vivendo: a plena digitalização da vida. Alerta! Ei! Estamos vivendo em um mundo doente, infelizmente, viciado em LCD. É fogo? Não quero ser mal compreendido, nem fazer o pessimista. Mas vamos combinar: de novo, o mercado quer você e seus filhos no país das maravilhas, dentro da tela. Ai que saudades da praça, do horizonte, do céu azul… Nessa (re)autossabotagem, quem não tentar dançar vai ficar quadrado, corcunda e de pescoço caído. Não vai adiantar pílula vermelha.

4-Fol

Fluindo nessa rota do vento, remando contra a maré que quase o matou quando era jovem na praia do Leblon, Sérgio Ricardo se firma como o brabo da resistência. Barravento! Ele é do tipo de vaso que sopro nenhum derruba. Transparente, seu peso se cristaliza. O compadre ao invés de cair, ele sobe. A derivada da curva. Seu legado está aí na tela para quem quiser ver. Suas atitudes estão aí para quem quiser notar.

Você é egoísta ou humanista? Diria o paizão.

5-Fyn

Um país deste tamanho e sem memória é um tabuleiro de xadrez sem peças relegado à mão invisível. Faz de conta que tu andas com fome na rua, revirando caçamba em busca de lixo reciclável. Aí tu encontras um desses tabuleiros de xadrez em madrepérola e um punhado de milho do lado. A pipoca tá dada. Os mei fardado estão por perto na má intenção, estudando se você tem coragem, apostando se você é audaz ou apenas paga de inteligente. Ta com fome, vai customizar ou sabe jogar xadrez? A babaquice a troco de pix, testando os moldes monopolistas da prøxima moeda digital do estado.

6-Faw

Ivan Ilitch diria: parem de ser escravos ou senhores, parem de ser servos ou mandatários. De Tolstois, aqui no Brasil, bem longe da Russia, não se reconheceria um sequer. O buraco, meus amigos, aqui neste país  grandalhão, é muito, mas muito mais embaixo. É o porquê da água com geosmina, é a derrubada da linha de transmissão. Se não rende não serve. Ameaçam vender tudo para a S.A. Ta feita a confusão. Quem não mexe com daytrade nem bolsa de valores que se foda. E assim a mão do mercado vai ficando cada vez mais visível: toma porto destruidor da Car Gil no Furo do Capim. É o fim dos peixes. Toma usina termelétrica, toma garimpo, toma floresta abaixo. É o fim da Amazônia chegando! Não tem sustentabilidade nem um centavo em forma de benefícios. Muito pelo contrário, a meta do congresso é acabar com o Ibama e a CLT logo de uma vez.

7-Fou

A hora é agora. O governo genocida já está caindo. Atente-se para as máscaras das marcas, cuidado com a fake news. O poder de perpetuação, esse mesmo continua em sua rota. Vamos então fechando este papo de jacaré. Por ora, olhe o circo, e vamos lembrar de um ano atrás, o ano em que SR se desprendeu da matéria e agora surfa não só na tela mas no mundo dos nossos sonhos. A onda Sérgio Ricardo interativo chegou para ficar e mostrar como a mobilização de uma rede plural, democrática e irreverente pode angariar a sobrevida virtual de um grande compadre que amava a cultura nacional. Memória Viva! Lá de cima este homem de geometrias cosmicamente simétricas faz uma falta aqui embaixo, muito grande: como esquecer sua presença, seus textos em caixa alta, como esquecer seu humor sagrado e a inseparável bituca de cigarro? Salve Salve Sérgio Ricardo! Que agora você possa descansar em paz, sem sombra de vícios ou senhores querendo regular o seu mingau. SAYONARA!!!

 

Foto de Michel Schettert

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Michel Schettert é autônomo e trabalha com análises rítmicas em artes fotocoreocinematográficas. Pesquisa o processo criativo no cinema


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