IMPRENSA|CLIPPING IMPRESSO |IM 00700
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Como o livro de Ziraldo já não se encontra mais em qualquer livraria da cidade, tal o seu sucesso de vendagem, supõe-se que todos conheçam a historinha comovente desse ser simbólico com vontade de ser cor, que vai tentando se integrar em algum contexto - sem que haja lugar pra ele quer no arco-íris quer nas bandeiras, na caixa de lápis ou outras formas organizadas, refratárias à cor flicts - até descobrir-se no final otimista que a lua é flicts. Com esse fio narrativo - que dá margem a mil interpretações, da intolerância ao excepcional até à apologia da anormalidade - o desenhista conseguiu chegar a um poema gráfico de grande envolvência. A poesia estática no papel encontraria no cinema de animação a forma dinâmica mais adequada ao seu conteúdo poético. O teatro - com cada cor e o próprio Flicts representados por um ator de carne e osso - limita invitalmente o alcance inicial. Dentro dessa limitação, no entanto, Aderbal Junior chegou a uma adaptação de qualidade, com dialogação divertida e inteligente, e fluência narrativa só maculada pelo alongamento da intervenção do astronauta. Com figurinos felizes de Maria Carmem e uma partitura belíssima de Sérgio Ricardo, a direção realiza um espetáculo movimentado, com soluções as vezes inesperadamente inventivas.