IMPRENSA|CLIPPING IMPRESSO |IM 01618
IP Nº 002290
Julio Medaglia, Chico Anysio, Ferreira Gullar. Em 1967, eles decidiram o maior dos Festivais. A plateia que lotava o teatro tinha se tornado personagem à parte, armada até os dentes de assobios e faixas. Queria impor no berro a sua escolha. Os artistas, isolados em seus camarins, sentiam-se prontos para enfrentar os leões. Na noite da grande final, vaias e aplausos se misturavam. Uns mais vaiados do que aplaudidos, outros mais aplaudidos do que vaiados. Mas, quando chegou a minha vez, a vaia foi unânime. Não tinha jeito de cantar. Por causa do barulho, era impossível ouvir o acompanhamento. Me senti acuado e resolvi reagir. Disse uns desaforos, que depois a censura cortou do vídeo. Em seguida quebrei o meu violão e ao atirei sobre o público. Naquela hora, pouco me importava se estivesse jogando para o alto tudo o que eu tinha construído na minha carreira. A Elis Regina me abraçou, emocionada e solidária com o meu gesto. Minha música foi desclassificada pela direção da TV Record. Saí do teatro sob escolta. Uma parte da plateia queria me linchar.