IMPRENSA|CLIPPING IMPRESSO |IM 01452
IP Nº 001995
Em 1967, Sérgio Ricardo levou uma vaia antológica quanto apresentava sua música Beto Bom de Bola no Festival da Record. Em represália, quebrou o violão e atirou o instrumento - o que sobrou dele - em cima da platéia. Foi o acontecimento de sua vida. Depois andou meio esquecido, exibindo-se apenas em circuitos universitários. Ressurge agora das cinzas com o livro de memórias Quem Quebrou Meu Violão. O subtítulo não peca por modéstia: Uma análise da Cultura Brasileira nas Décadas de 40 a 90. O livro não é tão abrangente nem não analítico. Seu maior interesse se concentra nos anos 50 a 60, os mais férteis na história recente da cultura no Brasil. Nesse tempo Sérgio chegou a se tornar artista conhecido, principalmente como compositor, mas também como cineasta. Nasceu em Marília, no interior de São Paulo, e foi morar com a família no Rio. Pianista de formação clássica, substituiu Tom Jobim na Boate Posto 5, em Copacabana. Tocando nos inferninhos, conheceu, além de Jobim, artistas como Luisinho Eça, João Donato, Johnny Alf e Newton Mendonça, gente que estaria ligada à Bossa Nova, quando o movimento surgiu alguns anos depois. Conheceu também João Gilberto, a principal figura da Bossa. Ficaram grandes amigos. O livro acrescenta um dado surpreendente à biografia de João Gilberto. João teria sido o primeiro a apresentar Sérgio Ricardo a Marx e ao comunismo. Quem poderia imaginar o compositor Bim Bom dando lições de materialismo histórico a um amigo enquanto passeava pela Avenida Atlântica?