IMPRENSA|CLIPPING IMPRESSO |IM 01442
IP Nº 001919
Compositor que levou fama de rebelde faz livro repleto de acusações e ameaças. É difícil não ver o livro de Sérgio Ricardo como uma reposta ao "Chega de Saudade" de Ruy Castro. O tom rancoroso e furibundo de "Quem quebrou meu violão" (Editora Record, RJ, 286 páginas), lançado anteontem pelo autor, no Rio de Janeiro, é bastante suspeito. Mais difícil ainda é comparar os dos livros. A começar pela edição. O volume da Companhia das Letras é bem acabado, traz índice geral e de nomes citados; o da Record é mal feito, sem respeito pelo leitor, sem qualquer tipo de índice. Enquanto que no trabalho de Ruy de Castro se vê técnica historiográfica e jornalística na apuração dos fatos e na construção das versões, no texto de Sérgio Ricardo não há história, mas um caldo raivoso e verborrágico, carregado de pura esquerdofrenia. Mas, sobretudo, Castro é um jornalista experiente que escreve bem. Sérgio é péssimo escritor. Senão vejamos: "a cultura brasileira não pode mais ficar na mão de Roberto Marinho, ou de Adolfo Bloch, João Saad, ou Silvio Santos, A eles não foi passado a procuração do pensamento ou arte de nosso povo, e não se pode conseguir nenhum avanço enquanto estivermos sendo submetidos às ambições meramente comerciais" (página 285).