IMPRENSA|CLIPPING IMPRESSO |IM 01399
IP Nº 001830
Hoje, à meia noite, a TV Bandeirantes exibirá Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Gláuber Rocha, um dos filmes mais importantes da história do cinema brasileiro, assinado por um de seus diretores mais revolucionários e, certamente, o mais polêmico. Inspirado nos romances populares e na literatura de cordel, Deus e o Diabo na Terra do Sol foi lançado comercialmente em julho de 1964 e marcou não somente o cinema mas a própria cultura brasileira pela sua estética inovadora impregnada de personagens mitológicos e alegorias poéticas. Filmado em Monte Santo, alto sertão da Bahia, este segundo longa-metragem de Gláuber Rocha, depois de Barravento, seguia à risca uma das máximas do cineasta: "uma câmera na mão e uma ideia na cabeça", afirmação de imensa modéstia, pelo menos parcial. Gláuber Rocha podia ser capaz de tudo, menos de ter apenas uma ideia de cada vez. Este filme é fidelíssima e contundente expressão desse turbilhão mental, segundo uma síntese do próprio Gláuber: "Deus e o diabo na terra do sol", digamos que foi um filme provocado pela impossibilidade de fazer um grande western, como poderia fazer, por exemplo, o John Ford. Ao mesmo tempo, havia um caminho de inspiração eisensteiniana, de Linha geral e de Encouraçado Potemkin, e ainda as influências de Visconti e de Rosselini, do Kurosawa, do Bufluel. Então, Deus o Diabo foi feito essa luta entre Ford e Eisenstein, e a anarquia buñueliana, a força selvagem da loucura.