Sérgio Ricardo : surge um pintor aos 55 anos.

IP Nº 001782

Para o grande púbico sua imagem esteve sempre associada à do homem que atirou o violão sobre a plateia que o vaiava no Festival da Música Popular Brasileira da Record, em 1967. "Eu me coloquei como um operário de uma coisa chamada cultura brasileira. Assumi a contestação em todos os níveis, não só no meu comportamento pessoal, mas também no meu trabalho de artista e o violão quebrado no festival foi o ato simbólico desse rompimento. Se não tivesse feito aquilo estava amargurado até hoje", diz Sérgio Ricardo, 20 anos depois do incidente. Romântico em certa fase da Bossa Nova, engajado em outra, presença constante nos shows de resistência dos anos 70 e autor da mítica trilha sonora de Deus e o Diabo na Terra do Sol com Gláuber Rocha, esse compositor, letrista, poeta, músico, cineasta, produtor e ator continua com tantas e diversas atividades a construir sua arte. Agora, Sérgio Ricardo vai estrear como pintor. No próximo dia 25, ele participa de uma coletiva na galeria Plural, na Rua Visconde de Pirajá 207, loja 115, mostrando dois qudros, que têm como motivo o corpo da mulher. "Descanso da música, pintando. Descanso da pintura, fazendo cinema. O importante é que sempre estou diversificando e não faço outra coisa a não ser trabalhar, e com a arte", afirma Sérgio Ricardo. Hoje com 55 anos, morando sozinho num tranquilo apartamento na Urca depois de 16 anos de casamento e duas filhas e com uma novo visual (está usando barba), Sérgio já pensa nos novos projetos de vida: está organizando um debate sobre MPB no Planetário da Gávea e terminando o curta O espetáculo continua, sobre circo de periferia, e programando um financiamento para rodar João-Joana - Cordel Musical de Sérgio Ricardo e Carlos Drummond de Andrade.