IMPRENSA|CLIPPING IMPRESSO |IM 01364
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"Que assim mal dividido/ Esse mundo ainda errado/ Que a terra é do homem/ Não é de Deus nem do diabo", dizia uma canção dos anos 60. A letra era de Gláuber Rocha e a música era de Sérgio Ricardo. Hoje, aos 53 anos, Sérgio - o autor de Calabouço, Esse Mundo é Meu e Zelão examina uma letra dos Garotos Poderes, chamada Subúrbio Operário. - Vejam esse treco da letra - diz ele - "Apenas caminhando/ No compasso de seus passos/ Seu grito de ódio/ Ecoa no espaço". "Ora, há o "grito", mas não há o direcionamento desse grito" - analisa Sérgio. Se esses garotos soubessem qual é a sua música popular, a do Brasil dariam um bom grito, com um bom som". E ele escolhe outro trecho: "Pois os parasitas sugam seu suor". E dispara: "O suor da classe artística brasileira está sendo sugada, e para os nossos artistas ficam apenas as migalhas que caem da mesa dos donos do rock". Sérgio acredita que o "AI-5 rompeu o elo unificante da cultura popular brasileira". Para ele, o que os jovens chamam de MPB "é a MPB do elo rompido, um vazio cultural vestido com plumas e efeitos especiais. Eles não gostam é dessa geleia geral que anda por aí, o que foi permitido pela ditadura, Os malditos como eu e Vandré continuam malditos como antes".