IMPRENSA|CLIPPING IMPRESSO |IM 01358
IP Nº 001744
Musa inspiradora das mais diversas correntes musicais, a favela exerce uma atrção fatal sobre os compositores da nova geração da tradicional Estação Primeira de Mangueira - a única escola de samba carioca que se vangloria de não depender do dinheiro dos bicheiros -, Ivo Meirelles mistura chiclete com banana, promove a reunião de roqueiros e sambistas, arrepia o cabelo dos mais conservadores, mas não abandona o berço. Isntalado no alto do morro, ele desfruta de todas as comodidades, com direito e aprelhgem de vídeo de última geração e carro do ano. Mas nem só de "nativos" vivem as favelas. Há 15 anos o compositor Sérgio Ricardo trocou uma bela casa na Urca por um apartamento e um barraco, ambos no Vidigal, vizinho à Rocinha. A ideia era morar um tempo no barraco para vivenciar a experiência de seu personagem Zelão e transformá-lo em roteiro de cinema. O projeto nunca foi concretizado, mas ele ocupou o barraco durante dois anos, "até que aquela coisa de compositor-engajado-que-mora-na-favela ficou muito folclórica. Quando a empregada de Sérgio Ricardo pediu para morar um tempinho lá, depois de ter perdido sua própria casa numa dessas enchentes cariocas, o compositor a cedeu. Perdeu as duas. A empregada se transformou em ex e se casou com um homem que não quer nem ouvir falar de desocupar o barraco. "É uma pena. O visual de lá é ainda mais bonito do que este", lamenta o músico, apontando a vista que se estende do Leblon à Barra da Tijuca.