SÉRGIO Ricardo : sinceridade no som.

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Foi por puro medo de escravidão material ou profissional, que Sérgio Ricardo se livrou cedo dos chamados apelos comerciais, na música que faz. Porque sentiu necessidade de dinamismo em seu trabalho - "quem acompanhasse meu raciocínio, minhas incoerências, minhas contradições" - não se deteve por muito tempo em nada que pudesse parecer estilo próprio ou linha musical definida. Por desambição, se negou a seguir tendências, preferindo concordar com o que chama de consciência. Foi por fraqueza, morrendo de medo de virar compositor célebre e pagar um preço muito alto por isso, que não deixou que criassem para ele uma imagem promocional, capitalizando o antigo gesto do violão atirado na plateia: "Se aceitasse a imagem de compositor temperamental, hoje, seguramente, seria marca de "blue-jeans". Por sinceridade largou tudo e se refugiou em suas pesquisas, nos filmes, na busca, cada vez mais ávida, cada vez mais acesa, do descompromisso material aliado a maturidade profissional. Acha que conseguiu e foi ontem ao Museu da Imagem e do Som mostrar um disco novo, primitivo, uma mistura de formas, uma simbiose de ritmos. Um som latino-americano, que tem guarânia, tem seresta, tem baião, tem suicídio, tem Nordeste, loucuras harmônicas, trabalho de equipe. Com ele, foram Piri (piano, violão, bandolim, rabeca), Cássio (contrabaixo e violão), Fred (flauta doce e piano), Paulinho de Camafeu (percussão), Franklin (flauta). Que estarão com Sérgio Ricardo também no Teatro Cachimbo da Paz, a partir do dia cinco de fevereiro, numa temporada curta. O tempo suficiente para mostrar Sérgio Ricardo, também em tempo de paz.