IMPRENSA|CLIPPING IMPRESSO |IM 01336
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Desde que, num festival de música em 1967, quebrou o violão em protesto contra um público que nem sequer lhe dava o direito de cantar, o compositor, cantor e cineasta Sérgio Ricardo traçou um caminho muito peculiar, extremamente pessoal e indiferente a qualquer apoio da moda. Por isso não surpreende seu último trabalho, o LP independente com concerto sinfônico Estória de João-Joana, em parceria com o poeta Carlos Drummond de Andrade, e que será apresentado também por Sérgio Ricardo pelos palcos do Brasil, começando por Brasília, dia 26 de setembro. Com arranjos de Radamés Gnatalli e um custo de 250 milhões de cruzeiros, o disco, na definição de Sérgio, "é um poema sinfônico, que nos concedeu altos vôos na poesia da música e na música da poesia, feito em cima do único cordel que Drummond escreveu". Para realizá-lo, o compositor recorreu ao apoio de empresas privadas e criou uma firma, a Mercado Paralelo, que se propõe atuar numa faixa própria do mercado: "O público brasileiro ficou muito viciado, nestes anos de vazio cultural, na má qualidade das músicas importadas, que foram engolidas sem digestão e sem discernimento, ocupando o espaço da produção nacional". Por acreditar que se vive hoje, no Brasil, um processo de "retomada de valores esquecidos" e que esse processo, na música, "faz ressuscitar os ingredientes do belo, da musicalidade contida na bossa nova", é que Sérgio Ricardo se aplica neste trabalho de estabelecer uma comunhão do sinfônico com o popular, levando Estória de João-Joana pelo Brasil.