IMPRENSA|CLIPPING IMPRESSO |IM 01328
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Romântico em certa fase da bossa nova, engajado em outra, autor da mítica trilha sonora de Deus e o Diabo na Terra do Sol, com Glauber Rocha, amaldiçoado pelo célebre episodio do violão atirado à plateia num festival, o compositor, cantor e cineasta Sérgio Ricardo está de volta. E, como sempre, traz um projeto ambicioso cercada de algumas controvérsia. Ele musicou o único cordel escrito pelo poeta Carlos Drummond de Andrade, Estória de João Joana, de setembro de 1966, com instrumentistas da orquestra Sinfônica Brasileira, orquestrações de Radamés Gnatalli e regência de seu irmão, Alexandre Gnatalli. Originalmente, seria um grandioso espetáculo programado para o corpo de baile do Teatro Municipal de São Paulo, para celebrar o 1º de Maio passado. Mas, depois de trabalhar "trancado durante todo o carnaval de 84", enviando página por página para Radamés fazer a sua parte, a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo voltou atrás e a Estória de João Joana foi engavetada. Há três anos com o projeto, Sérgio pagou do próprio bolso o trabalho de Radamés, recusou a sugestão de processar o governo paulista ("como eu poderia entrar na justiça contra meu amigo Guarnieri?") e seguiu em frente. Outro grupo de balé, Nós da Dança, dirigido por Sonia Dias, bancou a primeira parte dos 250 milhões gastos na gravação da fita. E a Estória de João Joana estreia no próximo dia 8 no Teatro João Caetano, com uma temporada prevista para três semanas. Sérgio Ricardo, na verdade pseudônimo incorporado à vida artística do paulista de Marília João Mansur Lutfi, desde a década de 50, roda a fita master em seu pequeno apartamento na Urca. Preparada para balé, a fita vai ser cortada de forma a virar um disco com lançamento simultâneo à estreia do espetáculo, embora Sérgio ainda não saiba se vai conseguir alguma gravadora para editá-lo ou o disco sairá com patrocínio.