[SÉRGIO Ricardo.] = A polêmica dos velhos festivais.

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Durante o Renascimento, era comum os artistas transitarem com desenvo áreas da produção cultural. Hoje em dia é difícil encontrarmos alguns deles que não tenha se rendido à excessiva especialização. Difícil, mas não impossível. Na última terça-feira foi inaugurada a Semana Sérgio Ricardo, que até domingo reunirá, no Centro Cultural Banco do Brasil, vários trabalhos deste cantor, compositor, cineasta, ator, escritor e pintor. Dentro da Semana Sérgio Ricardo estreia hoje um show, lá mesmo no CCBB, composto noventa por cento de músicas suas ainda inéditas. A expectativa é de que, entre os dez por cento restante, esteja incluída a canção Beto Bom de Bola. Foi durante a interpretação desta música no Festival da Record de 1967, que Sérgio Ricardo irritou-se com as vaias e acabou jogando seu violão em cima da plateia, completo, que transfere para todas as suas obras um radical sentimento de brasilidade. A polêmica dos velhos festivais - Refletindo sobre sua atitude durante o Festival de MPB da TV-Record de São Paulo, em 1967, quando jogou seu violão em cima da plateia que o vaiava, Sérgio Ricardo encontra uma explicação bastante racional, quase filosófica. Segundo ele, o público presente naquele dia era a imagem do povo brasileiro, ainda com o golpe de 64 entalado na garganta. O júri, "fazia o papel do poder" e os músicos que se apresentavam eram "apenas marionetes". Sérgio acredita que as vaias dadas a ele quando interpretava Beto Bom de Bola foram fruto de uma revolta reprimida do povo em função da situação política da época. Sua atitude de quebrar o violão teria sido, por outro lado, uma decisão de não bancar o fantoche no meio daquela encenação. "Os festivais contribuíram para a desvalorização dos músicos na televisão", afirma Sérgio. "Antes custava um dinheirão para as TVs colocarem músicos em seus programas, durante os festivais uma ninharia". Sérgio Ricardo acrescenta que os festivais "só eram bons para quem ganhava".