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IMPRENSA|CLIPPING IMPRESSO |IM 01243

SÉRGIO Ricardo : vida e obra (I).

IP Nº 001505

Todo dia de manhã o menor João Mansur Lutfi saía de casa para se transformar em mais um moleque das ruas de Marília. E isto se constituía numa grande preocupação para dona Maria Mansur, que sempre se preocupou com o filho que tivera tifo e bronquite asmática. Para João, nascido no dia 18 de junho de 1932, a sua cidade de Marília, era berço explêndido e era todo o universo de brincadeiras que uma criança poderia desejar. Jamais ele - o Sérgio Ricardo - esquece aquelas escapadas sorrateiras da escola para ir brincar no "famoso" buracão e no trem. Era gamado em ver o trem passar, com a velha maria fumaça resfolegando, era uma emoção sempre renovada e que marcaria para sempre a memória de infância. Brincar no buracão, só às escondidas; além de perigoso, diziam que o local era mal-assombrado. Mas de dia o fascínio pela aventura vencia qualquer medo. Afinal, quem fosse bom moleque não podia ter medo. Mesmo quando um garoto morreu soterrado, os meninos da cidade continuaram indo brincar lá - apenas evitavam prudentemente o lugar do desmoronamento. Para João (Sérgio Ricardo) a cidade era dividida em dois bairros da primeira namorada. Entre os dois bairros, a estrada de ferro, atravessada por João quatro vezes por dia. E, para os moleques, um desafio perigoso, na brincadeira de ver quem atravessa mais próximo do trem. Numa dessas competições, João ficou preso pelo pé. Foram segundos de pânico, locomotiva crescendo. Mas, no último momento, ficou para as rodas de ferro o sapato de um menino assustado. Com todos esses atrativos, era muito difícil a concentração nos estudos. João só se esforçava o suficiente para passar de ano - e isso quando dava. Mas havia, também, os estudos de piano, desde os oito anos, no conservatório da cidade; dona Maria Mansur sonhava muito que os quatro filhos fossem artistas - e o sonho realmente seria satisfeito: Tutfi, fez o curso completo de violino; Candura seria uma boa pianista, até o casamento e Dib, o caçula se transformaria num dos melhores fotógrafos do cinema brasileiro. NR: O "buracão" como era conhecido naqueles anos, é onde hoje está construído o prédio da Saúde e a Telesp, bem como toda a extensão ocupada atualmente pela Estação Rodoviária.

autor
edição
imprenta Jornal da Manhã, 15 de junho de 1982.
descrição física 1 recorte de jornal.
assuntos MÚSICA POPULAR BRASILEIRA / BIOGRAFIA /
estado de conservação Bom
identificadores ANOS 80 / RICARDO, Sérgio, 1932-2020 /
notas

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