IMPRENSA|CLIPPING IMPRESSO |IM 01214
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É uma favela combativa e de tradição. Por isso o Papa vai lá. A favela do Vidigal é o único ponto do roteiro do papa ao Brasil onde os cristãos da base, de alguma forma, estão participando da organização da recepção a João Paulo II. Foram os favelados, por exemplo, que escolheram as músicas que serão cantadas na ocasião. Vetaram Roberto Carlos, sob a alegação de que o cantor nunca ajudou a sua luta, mas incluíram Sérgio Ricardo, Chico Buarque, Erivelton Martins e mais uma composição de Moacir, Marcão e Marquinhos, moradores do Vidigal, intitulada "Saudação ao Papa". Não há quem suba o morro do Vidigal que não se impressione com a vista cinematográfica que o local proporciona dos mares da zona sul do Leblon e Ipanema. Não é por acaso que o Vidigal tem despertado o apetite voraz das grandes construtoras. O clima poético do local tem atraído artistas como Caetano Veloso, Maria Bethânia e Sérgio Ricardo para um edifício que fica ao lado da favela, no "prédio dos artistas", como ficou conhecido. Sérgio Ricardo ainda mantém um estúdio de criação, além de um barraco incrustado na própria favela. Mas o que mais tem marcado essa favela, que hoje se prepara para a visita do papa, não é propriamente a beleza de sua vista. Os seus barracos humildes, agarrados como podem à encosta ao lado do morro Dois Irmãos, abrigam uma comunidade extremamente combativa e organizada.