IMPRENSA|CLIPPING IMPRESSO |IM 00885
IP Nº 001369
Ponto de Partida, a nova peça de Gianfrancesco Guarnieri que estreou dia 21 de setembro no teatro TAIB..., é a retomada de uma linha de montagem consagrada anos atrás pelas equipes dos Teatros de Arena e Oficina. Entre aqueles que assistiram, e mesmo entre aqueles que apenas ouviram comentários posteriores, quem pode descartar da memória as encenações de Arena conta Zumbi, Andorra, Pequenos Burgueses ou Galileu, Galilei? Assim como essas, Ponto de Partida é um marco decisivo na dramaturgia brasileira frequentemente assolada pelas montagens inexplicáveis e até vulgares de uma classe afluente das telenovelas. A ação se passa no século XVI em volta de um morto (BIrdo) cujo cadáver fica exposto no cenário o tempo inteiro e cujas condições de óbito permanecem obscurecidas. Suicídio ou assassinato? A tensão se estabelece nesses dois polos extremos: se suicídio, porquê? se assassinato, por quem? Birdo era uma camponês/poeta querido pela sua gente mas nem sempre compreendido por todos, e às vezes temido pelos poderosos, pela autoridade, pelo poder. D. Félix, o rei que é cego como a justiça reinante, decide levar o inquérito a repeito do caso até as últimas consequências. Aída, sua rainha atua como a força contrária no sentido do esclarecimento. E Maíra, sua filha e amante de Birdo, significa toda a força de mudança natural da sua juventude. Aimon, o ferreiro par de Birdo, no começo exige vingança mas aos poucos vai perdendo o estímulo e a coragem necessários para ir até o fim. O único personagem que escapa do círculo do conflito, isto é, que transcende à própria realidade é Dòdo, um doido da aldeia, pastor visionário. Suas visões são poços esfarrapados do dia-a-dia de fome, miséria e humilhação de todo o povo da aldeias.